Cozinheiros do bem, há quase quatro anos evitando que os moradores em situação de rua de Porto Alegre comam comida do lixo.
Reportagem: Cíntia Borba e Evelyn Lucena
Edição: Juliana Barbieri
Foi em um sábado chuvoso, embaixo do Viaduto da Conceição, no centro da Capital, que encontramos o criador do projeto Coletivo Cozinheiros do Bem – Food Fighters, Júlio Ritta, de 35 anos. Ritta conversou com a reportagem, e no local – encontramos também homens, mulheres, jovens e idosos, todos com a mesma disposição. O trabalho do grupo inclui além de distribuir almoço, também dar atenção e carinho para quem mais precisa. Com alegria contagiante, os voluntários do projeto são recepcionados todos os sábados por cerca de dez primeiras pessoas que já formavam a fila.

Foto: Vinny Vanoni
Com um sorriso no rosto, Júlio contou sobre o início do Coletivo. Ele trabalhava como chef em um restaurante e tinha um desejo muito grande de ajudar o próximo. No primeiro evento realizado, o Cozinheiros do Bem entregou 70 refeições. Atualmente, fornece mais de três mil refeições a cada final de semana, as pessoas podem repetir o prato quantas vezes quiserem . Nunca sobra comida. O líder do projeto ressalta que graças à força de vontade de todos os voluntários, hoje eles formam uma corrente de amor. Os voluntários cozinham principalmente para a população de rua. Mas nem todos que estavam na fila moram nas ruas, alguns precisam do apoio do projeto, pois passam por dificuldades de todo tipo. Conversamos com essas pessoas e muitas não autorizaram identificação, pois as famílias não sabiam da situação difícil em que se encontravam.

Foto: Vinny Vanoni
Conforme chegavam os moradores de rua, notava-se sempre um beijo, um abraço e um sorriso para os voluntários do projeto. O clima era de um almoço em família, onde se via reencontros de pessoas que no dia a dia estão desconectadas. “Não é somente chegar aqui e entregar a comida, se fosse assim eu vinha com tudo pronto e só despejava aqui, é mais do que isso. É amor” – disse Júlio.

Foto: Vinny Vanoni
E para alegrar ainda mais os sábados, a ONG Viver de Rir, uma turma de palhaços, contribui com participação na ação. Eles fazem a turma toda gargalhar enquanto aguardam na fila.
Antes da comida ser entregue, Júlio se une com todos os voluntários, abraça, faz selfies e pede que todos deem as mãos. Esse momento é bem especial para os voluntários. O líder do projeto dá as boas vindas aos novos integrantes da equipe que auxilia na ação e fala sobre a importância da entrega, do amor. Ele valoriza o tempo dedicado, e que mesmo naquele sábado de chuva ou outros tantos de frio eles estavam ali com o objetivo de fazer bem . E com um grito de guerra denominado de “Ubuntu”, palavra de origem africana que significa “humanidade para com os outros” eles batem palmas e iniciam a entrega das marmitas.
Júlio Ritta logo grita: – Quero ver essa marmita servida até o “talo”.

Foto: Vinny Vanoni
Depois que a refeição começa a ser feita, e logo vem um cheiro bom que dá água na boca, os voluntários se dividem em grupos, uns cuidam das panelas, outros ajudam na fila. As crianças e os mais velhos têm preferência para receber a comida. É impossível não se emocionar ao ver a felicidade e o brilho nos olhos de todos, dos que ajudam e dos que são ajudados.
Curtiu? Quer ajudar? Saiba como:
O coletivo recebe doações de diversas formas, através de arrecadação de alimentos, mensalidade não obrigatória, no valor de 25 reais ou venda de camisetas com o logotipo do projeto “Cozinheiros do Bem”. O valor arrecadado é utilizado para a compra de itens que são menos doados, como carnes e descartáveis utilizados para servir os almoços.
Além disso, é possível contribuir com a Vakinha online para arrecadar dinheiro. O valor arrecadado ajudará na abertura da sede oficial da equipe, que está prevista para o mês de junho. Quando perguntamos ao Júlio quem poderia se voluntariar ele prontamente nos respondeu: “Se tem vontade é só vir”.
Coordenação: Prof.ª Michelle Raphaelli
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